Ela era uma estudante de 19 anos em Perth, ensinando colegas a usar um software de design que parecia mais uma punição do que uma ferramenta. Avançando no tempo, Melanie Perkins é a cofundadora do Canva, uma plataforma com mais de 60 milhões de usuários em 190 países. Mas esta não é uma história sobre construir um unicórnio da noite para o dia. É sobre ser rejeitada mais de 100 vezes — até que ela mudou uma coisa: a maneira como contava a história. O que aconteceu a seguir é uma aula magistral em simplicidade, persistência e em vender o problema antes do produto.
Da frustração à primeira visão
Melanie Perkins não se propôs a construir um negócio bilionário — ela apenas queria tornar o design mais fácil para seus colegas de classe. Mas esse simples ponto de dor se tornou a base de uma das ferramentas criativas mais utilizadas na web.
Uma estudante com um trabalho paralelo e um olhar atento
Em 2007, Melanie Perkins era uma estudante de 19 anos na Universidade da Austrália Ocidental. Ela passava seu tempo tutorando colegas em softwares de design gráfico — programas pesados e caros como Photoshop e InDesign que requeriam semanas de treinamento. A maioria dos estudantes odiava o processo. Era lento, técnico e intimidador. Melanie notou a mesma frustração repetidamente. Ela ainda não estava gerenciando um negócio — apenas um trabalho em meio período. Mas o que ela viu foi um enorme descompasso entre o que as pessoas precisavam e o que as ferramentas estavam oferecendo.
Uma pergunta simples que acendeu tudo
Melanie não começou com um grande sonho tecnológico. Ela começou com uma pergunta: Por que isso é tão complicado? Esse pensamento ficou com ela. O design deveria ser rápido, intuitivo e acessível — não trancado atrás de licenças de software ou curvas de aprendizado íngremes. Ela se uniu a Cliff Obrecht, seu agora cofundador, e lançaram Fusion Books, uma ferramenta baseada na web que permitia aos alunos projetar anuários online. Era um produto de nicho, mas provou uma coisa: as pessoas estariam dispostas a usar uma ferramenta de design mais simples, se ela existisse. Essa percepção lançou as bases para o Canva.
Construindo antes de estarem prontos
Melanie e Cliff não tinham pedigree de startup ou conexões no Vale do Silício. Mas eles tinham prova de conceito. Usaram o sucesso do Fusion Books para mostrar que havia demanda — e passaram anos refinando sua visão. Eles procuraram parceiros de tecnologia, construíram protótipos iniciais e começaram a apresentar para investidores. Os investidores não estavam interessados. Mais de 100 rejeições vieram. Ainda assim, eles continuaram. Melhoraram seus pitches, esclareceram sua visão e autofinanciaram o que puderam. A primeira grande quebra não veio de construir mais — veio de explicar o problema melhor.
De uma mensagem mais clara a um impulso global
Uma vez que o pitch finalmente decolou, o Canva se moveu rápido — não através de hype ou manchetes, mas dando às pessoas uma ferramenta que entenderam instantaneamente, precisaram e compartilharam.
Atração inicial, usuários reais e simplicidade viral
A primeira versão do Canva foi lançada em 2013. Em questão de meses, a resposta foi imediata: criadores, profissionais de marketing, professores — pessoas de todas as classes sociais — começaram a usá-lo. A interface era limpa, intuitiva e funcionava no navegador. Sem downloads, sem curvas de aprendizado íngremes. Em 2015, o Canva já tinha mais de um milhão de usuários. O boca a boca se espalhou organicamente porque a ferramenta realmente resolvia um problema real. Em vez de dizer às pessoas o que poderia fazer, o Canva as mostrava. Arraste, solte, feito. O crescimento não veio de marketing agressivo — veio de clareza.
Dores de crescimento e mudanças inteligentes
O impulso inicial do Canva não o protegeu de desafios. A equipe de produto teve que lidar com uma demanda enorme em uma infraestrutura limitada, enquanto constantemente lançava melhorias. Concorrentes começaram a aparecer — alguns com mais financiamento, outros com ângulos de nicho. E então houve pressão dos investidores para “mover mais rápido.” Mas Perkins manteve o foco na acessibilidade e simplicidade. Sua equipe resistiu ao inchaço de recursos, dobrou a qualidade do design e expandiu os templates para atender a mais casos de uso. Internamente, eles construíram sistemas que escalavam discretamente. Externamente, mantiveram a história concisa: o Canva torna o design fácil, para todos.
Um império silencioso com impacto criativo
Hoje, o Canva é usado por mais de 135 milhões de pessoas em 190 países, e está avaliado em mais de $25 bilhões. Equipes, salas de aula, criadores solo — todos confiam nele diariamente para criar tudo, desde postagens no Instagram até apresentações. O produto se tornou um conjunto com ferramentas de IA, serviços de impressão e recursos de colaboração em equipe — e ainda assim parece simples. Melanie Perkins não está em busca de atenção da mídia. Ela está focada em construir uma plataforma que capacita as pessoas a se comunicarem visualmente, sem atritos. O Canva não venceu apenas por causa do design — venceu porque o problema que resolveu era claro para todos.
Comece com o problema, não com o pitch. Mostre como seu produto ajuda pessoas reais, não apenas o que ele faz. E quando as coisas ficarem estagnadas, ajuste a história — nem sempre a solução. Melanie Perkins não venceu porque gritou mais alto. Ela venceu porque tornou o valor óbvio. Se você está construindo algo agora, pergunte a si mesmo: um total estranho entenderia por que isso é importante? Se não, é hora de reescrever. Sua próxima grande quebra pode não estar no produto — mas na maneira como você o explica.